Texto elaborado por Profª Esp. Betânia Coelho.
"A alma não tem segredo que o comportamento não revele". (Lao-Tsé)
O NARCISO DO RIO BRANCO
CRÔNICA DE BETÂNIA COELHO
CRÔNICA DE BETÂNIA COELHO
Todos os dias pela manhã é a mesma
coisa. Acordar às seis horas, tomar café, se arrumar e se mandar para escola.
Professor adora um feriado, espera as férias ansioso, mas no fundo amamos o
barulho de crianças no pátio, o empurra-empurra, os gritos na hora do recreio,
até os beijinhos melados. Tudo isso tem em todas as escolas, nada disso é
novidade, mas o que não tem é o Narciso.
Quando a professora Maristela
começou a dar aula no São José não imaginou que seu Monza 1993 viraria cenário
de tão inusitado fato. Todas as pessoas que chegam à escola presenciam tal
cena. Faça chuva ou faça sol ele está lá, mais assíduo do que alguns
funcionários e alunos.
Outro dia ocuparam a vaga do carro
da professora Maristela. Que dia triste! O Narciso não veio! Já estamos tão
acostumados a admirá-lo... Aquele Monza prata estacionado na porta de entrada
da secretaria, e, em seu retrovisor direito fica o Narciso a se observar. O dia
inteirinho olhando no espelho. Vira a cabecinha para um lado... vira para
outro, e a cena se repete várias e várias vezes, até que alguém se aproxima
demais, então ele voa! Mas você pensa que ele vai embora? Nada disso! É só
procurá-lo em um dos Cypress plantados no pátio
da escola e lá está o belo canário amarelo, admirado por toda a comunidade
escolar do Rio Branco, só espreitando, esperando a oportunidade de voltar para
seu espelho e namorar a própria imagem.
O
que será que passa por sua mente? O que ele pensa do seu reflexo? Bem, só
virando pássaro para saber. Assim os dias passam, um após o outro, e todos os
dias a mesma cena, e o Narciso não se sente sozinho, jamais!
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