terça-feira, 6 de maio de 2014

O NARCISO DO RIO BRANCO

Texto elaborado por Profª Esp. Betânia Coelho.

"A alma não tem segredo que o comportamento não revele". (Lao-Tsé)


 O NARCISO DO RIO BRANCO 

 CRÔNICA DE BETÂNIA COELHO


            Todos os dias pela manhã é a mesma coisa. Acordar às seis horas, tomar café, se arrumar e se mandar para escola. Professor adora um feriado, espera as férias ansioso, mas no fundo amamos o barulho de crianças no pátio, o empurra-empurra, os gritos na hora do recreio, até os beijinhos melados. Tudo isso tem em todas as escolas, nada disso é novidade, mas o que não tem é o Narciso.
            Quando a professora Maristela começou a dar aula no São José não imaginou que seu Monza 1993 viraria cenário de tão inusitado fato. Todas as pessoas que chegam à escola presenciam tal cena. Faça chuva ou faça sol ele está lá, mais assíduo do que alguns funcionários e alunos.
            Outro dia ocuparam a vaga do carro da professora Maristela. Que dia triste! O Narciso não veio! Já estamos tão acostumados a admirá-lo... Aquele Monza prata estacionado na porta de entrada da secretaria, e, em seu retrovisor direito fica o Narciso a se observar. O dia inteirinho olhando no espelho. Vira a cabecinha para um lado... vira para outro, e a cena se repete várias e várias vezes, até que alguém se aproxima demais, então ele voa! Mas você pensa que ele vai embora? Nada disso! É só procurá-lo em um dos Cypress plantados no pátio da escola e lá está o belo canário amarelo, admirado por toda a comunidade escolar do Rio Branco, só espreitando, esperando a oportunidade de voltar para seu espelho e namorar a própria imagem.
O que será que passa por sua mente? O que ele pensa do seu reflexo? Bem, só virando pássaro para saber. Assim os dias passam, um após o outro, e todos os dias a mesma cena, e o Narciso não se sente sozinho, jamais!





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